terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Arquiteturas rurais

Cheiro de terra, bichos, cadeiras na calçada e gente tranquíla. Assim é a vida de quem mora nas cidades de interior. Cada cantinho é repleto de história, de sentimento e de tradições. Porciúncula é, como o próprio nome diz, um pequeno município, no interior do estado do Rio de Janeiro, que faz divisa com Minas Gerais e Espírito Santo. O sotaque bem mineiro da gente de lá, traz felicidade aos ouvidos dessa carioca que tem suas origens naquelas terras...

Gosto de me sentar e ouvir as histórias do meu avô, Sr Til Figueiredo, que aos 93 anos, fecha os olhos ao se lembrar das festas em que tocava com sua orquestra de baile e fala, com a voz baixa e doce, das músicas, da alegria e dos momentos mais incríveis de sua vida. Com certa dificuldade, canta o que a sua mente mostra em imagens e vai emendando sua nostalgia ao falar da família, dos amigos que já se foram, das fazendas, da crise de 29 ou de quando veio ao Rio pela primeira vez, em 1937, para uma marcha política.

Num rápido passeio pela cidade é engraçado observar como ele não reconhece os lugares que, em suas lembranças, tem outras cores, formas e pessoas. A cidade cresceu e como ele diz: "Está um colosso!". Eu fico tentando acompanhar suas figuras mentais e tento encontrar pelas ruas algumas das referências do seu tempo de menino. Tempo que passou, deixou saudades, mas que ainda está lá, vivo, em algumas construções e detalhes.


Uma casa, na mesma rua do meu avô, que está sendo restaurada.
O detalhe do forro é de uma riqueza impressionante!
  
Todo o forro é em madeira trançada.
Minha mãe disse que assim eram também as laterais dos carros de boi, antigamente.

Vai olhando aí, vô!


Um antigo casarão, que mantém a arquitetura original e hoje abriga um bar.    



A antiga estação ferroviária...
 
...hoje, Centro Cultural.